Extraordinária comparação! Além de que a geografia também deve ser uma ciência desconhecida do Miguel, para quem é rigorosamente igual uma fronteira a 32 quilómetros da segunda maior cidade, a dois países que estão em dois continentes diferentes, com mares a separá-los e que em parte alguma se aproximam.
Já para não falar da atitude dum país que num período em que a Alemanha se lançou à conquista da Europa não só nada fez para colaborar com quem se lhe opunha, como pelo contrário com as costas quentes do apoio militar nazi se entretinha em provocá-la, e a compará-lo com o Iraque que não só nunca provocou os USA como até permitiu todo o tipo de inspecções da ONU até ao início da invasão, à revelia dessa mesma ONU!
Mas o mais extraordinário ainda é confundir conflitos fronteiriços com invasões! Conflitos fronteiriços acontecem sempre que um dos países que está na fronteira quer provocar quem está do outro lado. E como se entende perfeitamente dessa conversa do Hitler com os finlandeses foi esse precisamente o papel da Finlândia: colaborar com os nazis nas provocações aos soviéticos.
Quem colaborou com o Hitler e Mussolini foram Chamberlain e Daladier que com eles se encontraram em finais de Setembro de 1938, em Munique numa reunião de que resultou a ocupação da Checoslováquia pela Alemanha sem qualquer impedimento por parte da França e da Inglaterra que tinham acordos de cooperação mútua com a Checoslováquia! É por isso que desde então a palavra Munique passou a ser um símbolo de conivência com o agressor e de traição.
Bem tentou a URSS nesses anos pôr-se de acordo com a Inglaterra e a França sobre a acção conjunta contra o agressor nazi, mas Londres e Paris não o quiseram, e isso ficou provado nas negociações iniciadas em Agosto de 1939 em Moscovo.
É que estas potências continuavam a sonhar canalizar a agressão hitleriana na direcção do Leste, e foi por isso que o governo soviético aceitou a proposta da Alemanha nazi de assinar com ela um pacto de não agressão, pacto esse assinado em Agosto de 1939. Foi porque as negociações com a França e a Inglaterra tinham chegado a um beco sem saída que os soviéticos acabaram por assinar esse pacto de não agressão. E a evolução dos acontecimentos provou que os soviéticos escolheram a única via correcta e adequada às condições então existentes.
É que apesar de após a invasão da Polónia, em Setembro de 1939, terem declarado guerra à Alemanha, nem a Inglaterra nem a França se propunham iniciar operações militares a sério. E assim os exércitos de Hitler ocuparam a Dinamarca e a Noruega, e em 1940 (Maio), a Holanda, Bélgica, Luxemburgo e entraram pela França adentro!
Esquece-se ainda o Miguel que faziam parte do Estado Polaco em 1939, a Ucrânia e a Bielorrússia ocidentais, arrebatadas à URSS em 1920. Poderiam os soviéticos ficar indiferentes à sorte dos seus irmãos poderem ficar sob domínio da Alemanha fascista? Na conjuntura, era dever da URSS libertar sem demora esses territórios. Foi o que fez em 17 de Setembro, sob o aplauso estusiástico das populações. E passado mês e meio o Soviete Supremo da URSS admitiu as novas regiões na União: os povos separados pela força voltaram a unir-se. Nesses mesmos dias, por iniciativa da URSS foram assinados tratados de assistência mútua com a Estónia, Letónia e Lituânia, comprometendo-se a não participar em alianças hostis e a ajudar-se mutuamente caso uma das partes fosse agredida por qualquer potência europeia.
E obviamente que toda esta acção da URSS foi não só a bem da paz e do povo, como provou ter sido indispensável para a derrota do nazi-fascismo.
Mas parece que este sim foi o maior “crime” da URSS, a contribuição impar para a derrota do nazi-fascismo na II Guerra Mundial.